Academia Paraibana de Odontologia
Av. Rui Barbosa, 38, Torre
INSTITUIÇÕES CULTURAIS e os desafios pela unidade
Trago nesta oportunidade uma reflexão sobre as Instituições Culturais e seus desafios para uma unidade e fortalecimento da cultura, extirpando de qualquer consideração os devaneios pessoais que impedem a integração das instituições culturais e formam as “ilhas de cultura”, através das ações culturais desenvolvidas que aglomeram, apenas, os integrantes daquela referida casa de cultura.
Quero iniciar esta participação na Academia Paraibana de Odontologia com um relato histórico dos ASPECTOS DO MOVIMENTO LITERÁRIO DE 1948
Em 1948 a vida cultural de João Pessoa contava com vários grêmios literários, que possuíam corpo e se encontravam em plena atividade. Seus programas culturais eram intensos e atraiam grande número de jovens. Com esta dinamização da cultura paraibana, a cidade e o Estado não careciam de uma entidade acadêmica, mas esta era a real situação cultural um ano antes da fundação da ACADEMIA PARAIBANA DE POESIA.
Os recitais e encontros culturais davam existência de fato e de direito aos grêmios, estes ramificados e em grande número.
Como esta “introdução” não é um estudo especifico sobre as entidades culturais da época – 1948 – atar-me-ei, apenas, em mostrar um pouco do movimento intelectual e citar algumas das entidades. Para o tamanho da cidade no fim da década de 40, o numero de sociedades culturais era bem volumoso e suas sedes tomaram conta dos mais diversos pontos da cidade das acácias. Os Grêmios se constituíam assim, na febre dos intelectuais.
O Grêmio Literário “Pereira da Silva”, cujo presidente era o Sr. Pedro Leite de Morais, tinha a sua sede localizada na Rua General Osório, nº 60 (a União, 24.04.1948).
O Grêmio Cultural “Machado de Assis” tinha como sede o Grupo Escolar Thomás Mindello (A União 04.04.1948). O Grêmio Literário “Augusto dos Anjos” estava sediado na Associação Paraibana de Imprensa – API (A União, 20.03.1978). A Associação de Imprensa teve como início de suas atividades culturais o Festival dos Poetas Novos, organizado pela poetisa Clélia Lopes de Mendonça (A União, 14.03.1948). Outra entidade que se instalou no prédio da Imprensa foi a Associação dos Amigos da Cultura (A União, 20.05.1948). O Grêmio Literário “Dias Júnior” funcionou na Academia do Comercio Epitácio Pessoa (A União, 21.03.1948).
A Associação Pelo Progresso Feminino – APPF – reconhecida de Utilidade Pública por Lei Estadual nº 71, de 26 de novembro de 1936, tendo na época como Presidente a Sra. Albertina Correia Lima, organizou festival de arte no dia 14 de março de 1948, com vasta programação. Destaco o recital de Euricledes Formiga, declamando: “Canção para mulher que amo”, e “Dois Encontros”. Houve também palestra da Professora Olivina Olívia Carneiro da Cunha – que gozava da Vice-Presidência da entidade (A União, 29.05.1948), recital de Maria de Lourdes Barros e Eleonara do Abiahy (A União, 14.03.1948).
Este era o panorama da cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, no âmbito cultural. A ênfase aos grêmios, como citação, ocorreu por terem sido grupos diversos, mesmo assim, produziram historia literária e seus componentes, como Waldemar Bispo Duarte, ainda o fazia – “Dias Junior” – vivo e produtor, mesmo sem a sua existência nos tempos atuais, mas, através de seus textos que eclodiram desse movimento.
Retornando aos tempos atuais, verificamos que os Grêmios Literários foram absorvidos pela formalização das Instituições Culturais, onde faço aqui o registro de algumas Entidades que darão a dimensão do nosso universo de Instituições Culturais. Citamos:
Entidades Paraibanas:
. União Brasileira de Escritores da Paraíba – Pres. Ricardo Bezerra
. Academia Paraibana de Letras – Pres. Gonzaga Rodrigues
. Academia Paraibana de Poesia – Pres. Jairo Rangel Targino
. Academia de Letras e Artes do Nordeste – Secção PB – Pres. Maria do Socorro Silva de Aragão
. Academia Feminina de Letras e Artes da Paraíba – Pres. Vera Lúcia Medeiros
. Academia Paraibana de Cinema – Pres. Wills Leal
. Academia Paraibana de Música – Pres. Nereusa Nery de Luna Freire
. Academia Paraibana de Medicina – Pres. Antonio Carneiro Arnaud
. Academia Paraibana de Odontologia – Pres. Manoel Lins de Albuquerque
. Academia de Letras de Campina Grande
. Academia de Letras de Pombal
. Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – Pres. Joaquim Osterne Carneiro
. Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica – Pres. Adauto Ramos
. Instituto Histórico e Geográfico de Bayeux
. Instituto Histórico e Geográfico do Cariri
. Sociedade Cabedelense de Escritores e Poetas – Pres. Alexandre Oliveira
. Sociedade Paraibana de Arqueologia – Pres. Thomas Bruno de Oliveira
. União Brasileira de Trovadores – Secção da Paraíba – Pres. Jairo Rangel Targiino
. Associação Cultural Brasil Japão da Paraíba
. Academia Paraibana de Filosofia – Pres. José Jackson Carvalho
. Associação Paraibana de Imprensa – Pres. Marcela Sitônio
. Academia Paraibana de Letras Maçônicas – Pres. Edgard Bartolini Filho
. ADESG – Associação dos Diplomados na Escola Superior de Guerra – Delegado/PB Dr. José de Arimatéa Pereira de Albuquerque
. TJ/PB – Comissão Especial de Cultura e Memória do Poder Judiciário – Pres. Des. Marcos Cavalcanti de Albuquerque
. Fundação Ernani Sátyro – Patos/PB – Pres. José Lacerda Brasileiro
. Arquivo Afonso Pereira – Pres. Clemilde Pereira
. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba – IPHAEP
. Academia Paraibana de Letras Jurídicas
. Instituto Histórico e Geográfico de Campina Grande
Desta forma temos uma efervescência em quantidade de Instituições. Porém, algumas possuem atividades permanentes como é o caso da Academia Paraibana de Poesia, da Academia de Letras e Artes do Nordeste e da União Brasileira de Escritores da Paraíba que promovem reuniões mensais. As demais possuem sessões pontuais.
Independente da frequência de reuniões o que sempre vem buscar, destacando que esta é uma bandeira da União Brasileira de Escritores da Paraíba é UNIÃO, ou seja, a permanente integração das instituições em suas sessões públicas, aquelas voltadas para Palestras, Posses e Homenagens. Este começo seria importante para tornar os seus Dirigentes parceiros, com vistas a buscarem em conjunto as políticas públicas para dinamização da cultura, proteção autoral e divulgação e comercialização das obras publicadas.
Alguns Presidentes de Instituições ainda não assimilaram que o ônus de um dirigente é representar os seus associados em todos os Convites que à Instituição seja direcionado, mesmo que em seu impedimento se faça representar por outro integrante. Este simples gesto iniciaria o fortalecimento das Instituições. Mas o que se vê é o encastelamento de alguns nas suas redomas literárias.
Este isolamento impede a circulação dos bens culturais entre os associados, como a não representação por órgão de classe. O Escritor precisa ter a consciência de que escrever não é apenas uma arte, mas uma profissão e com isto garantir seus direitos que se inicia pela proteção dos direitos autorais e finda com a comercialização do seu produto, no chamado mundo da divulgação. Escrever por prazer também envolve os mencionados itens.
A UNIDADE DAS INSTITUÇÕES permite ao escritor, seja nas composições literárias ou científicas, para divulgação da sua obra a possibilidade de ampliar a “edição de livros”. Temos então o escritor “vivo”, presente, e que em condições favoráveis para o calor humano do tradicional “autógrafo”. Este é apenas um aspecto do favorecimento da unidade, porque poucos associados de uma instituição sabem da produção oriunda de outra instituição.
O acesso à cultura é um direito natural já consagrado Constitucionalmente, no Brasil, cabendo a todos, dentro das suas disponibilidades, promoverem de forma ampla a possibilidade de acesso à cultura.
UNIÃO é nossa bandeira, e nosso anseio é que todos os intelectuais das mais diversas instituições sejam públicos aos olhos da cultura, permitindo que suas instituições formem e integrem o Conselho de Entidades Culturais com vistas à proteção autoral, à divulgação e à comercialização das produções intelectuais.
Assim se espera que aconteça.
Tenho dito,
RICARDO BEZERRA